Profissional explica que de 4 a 6% da população pode ter o distúrbio e que o diagnóstico precoce ajuda no tratamento
Você já ouviu falar em dislexia? O distúrbio genético afeta apenas de 4 a 6% da população, mas é de extrema importância que os pais fiquem atentos desde a infância dos filhos, já que descobrir o problema cedo é essencial para seu tratamento.
Em entrevista ao iG Delas, a psicopedagoga Sheila Leal explica que a dislexia é um distúrbio específico da leitura e escrita, que também pode ser agravado nas questões matemáticas.
“O maior desafio é fazer com que a letra seja reconhecida e seja transformada em som. A criança vê a letra mas não reconhece o som que ela produz”. Isso quer dizer que a pessoa tem dificuldades na rota fonoaudióloga.
Para entendermos um pouco melhor, ela explica que o momento em que um dislexico vai ler é como nós lemos algo em um língua que não dominamos. “A criança lê bem devagar”, explica Sheila.
Segundo a profissional existem três tipos diferentes do distúrbio genético:
Visual: as crianças trocam as letras de lugar na hora da leitura.
Auditiva: elas não conseguem processar o som.
Mista: as duas coisas acontecem.
Além disso, o grau também pode variar entre leve, moderada e severa. Nesta última, são crianças que, com 13 anos, ainda não conseguiram ser alfabetizadas. Segundo a psicopedagoga, o problema nunca vem sozinho. “A pessoa que tem dislexia, tem outros problemas, a não ser que consiga detectar a doença muito cedo”.
Disgrafia
Muito comum nas crianças que têm esse distúrbio, a disgrafia é um problema específico de coordenação motora no momento da escrita.
Discalculia
Também pode estar presente na pessoa dislexica. “É uma dificuldade em reconhecer números, tempo, espaço, cores, meses, ano e dia da semana”, diz a psicopedagoga.
Disortografia
A criança que tem disortografia, segundo Sheila, escreve uma mesma palavra de maneiras diferentes.
A dislexia não tem cura, mas existe tratamentos. É nessa hora que os pais da criança têm que estar atentos, já que o diagnóstico deve ser feito o quanto antes. “Só vai ser detectado antes, com um pai e uma mãe extremamente presentes na vida da criança”.
Veja alguns sinais que podem detectá-la:
Uma criança que não consegue detectar cores depois dos 5 anos
Atraso de linguagem
Criança com 7 anos que ainda fala errado
“Existem muitos pré-requisitos, mas a criança já começa a dar os sinais a partir dos 4 anos”, explica ela, que o diagnóstico preciso acontece por volta dos 7 ou 8 anos da pessoa.
Relação dos pais
A profissional ressalta a importância dos pais da criança nessa fase e fala sobre a ansiedade. “Eles querem ver o filho alfabetizado com 6 anos e dificilmente isso vai acontecer. A gente precisa gerenciar a ansiedade”, conta.
Sheila ainda conta que uma simples brincadeira pode fazer com que os pais percebam que tem algo errado e devem saber que se tem um filho com esse tipo de problema, tem um filho com uma “mente brilhante”, que essas crianças têm um QI acima da média e habilidades diferenciadas.
Matéria publicada originalmente no portal iG Delas em 14/06/2016. Para acessá-la na íntegra:
http://delas.ig.com.br/filhos/2016-06-14/dislexia-pais-devem-ficar-atentos-sinais-controlar-ansiedade.html
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A DISLEXIA EM QUESTÃO
Autora: Giselle Massi
PLEXUS EDITORA
A obra problematiza o reconhecimento da dislexia como distúrbio ou dificuldade de aprendizagem da escrita. Discutindo a inconsistência etiológica e sintomatológica desse suposto distúrbio, bem como a fragilidade das formas de diagnosticá-lo, a autora analisa casos de sujeitos rotulados como portadores de dislexia e mostra que eles – ao contrário dos rótulos que carregam – estão em pleno processo de construção da escrita.