Quando seu filho faz alguma coisa errada, você o coloca no cantinho para pensar no que fez? Temos uma má notícia: as chances de ele mudar o comportamento são mínimas. “A criança de até 6 anos não tem a compreensão moral das coisas, dos seus atos. Ela obedece porque alguém diz que aquilo é certo ou errado. Ou porque a mãe fica triste ou contente” diz a psicóloga infantil Elizabeth Monteiro. Além disso, vincular o pensar — algo positivo e enriquecedor — a um castigo não é uma boa ideia.
Para a especialista, o castigo só tem fundamento se for educativo e não punitivo. “Caso contrário, só serve para descarregar a raiva do adulto e para medir poder”, explica. Quer saber o que pode funcionar de verdade na hora de corrigir os erros do seu filho? Veja estas dicas dos especialistas, sempre levando em conta a idade da criança:
Até 3 anos
Em vez de colocar de castigo ao desobedecer, é melhor mudar o foco da criança. Nesta fase, ela é oposicionista e teimosa por natureza. Claro, falar com firmeza (sem gritar) e ter coerência é importante, mas será mais eficiente distraí-la.
O que fazer: se estiver pulando no sofá e não quiser descer, chame-a para pintar uma caixa de papelão, desenhar no box do banheiro com pasta de dente ou fazer um bolo na cozinha – sim, precisa ter criatividade! Já se quiser que seu filho não mexa nas coisas, mantenha o ambiente livre e os objetos “proibidos” fora de seu alcance. Nesta idade, a criança precisa mexer em tudo, porque ao explorar ela desenvolve a percepção tátil, gustativa, visual e entende para que que serve cada coisa.
Até os 5 anos
Nesta fase, a criança acha que é o centro do universo, mas já é possível ajudá-la a construir a noção de que as atitudes têm consequências.
O que fazer: quando ela estiver muito irritada ou tendo um ataque de birra, por exemplo, você pode mandá-la para o quarto para se acalmar. Também funciona sair de perto e voltar quando a criança estiver calma. Outra maneira de educar, ajudando a entender o sistema atitude-consequência, é, dizer “após guardar os brinquedos, você poderá sair para brincar” ou “depois que tomar seu banho poderá voltar para assistir à TV mais um pouquinho”.
A partir dos 6 anos
A criança já entende um pouco melhor que todo ato tem uma consequência. Portanto, pode arcar com o preço de suas escolhas.
O que fazer: se seu filho enrola para sair de casa de manhã, em vez de ameaçar, deixe o perder a aula, a prova, a matéria. Ele é quem vai sair no prejuízo. Perceba os motivos pelos quais vocês sempre discutam e trabalhe neles. Um pré-adolescente que nunca está pronto na hora de sair de casa, pode ser excluído do passeio, vez ou outra.
Em todas as idades
Se a criança agride fisicamente ou verbalmente outra pessoa, mostrando-se muito descontrolada, deverá ser retirada do lugar para esperar se acalmar. Só depois, quando estiver tranquila, os pais deverão conversar sobre a atitude dela e fazê-la refletir.
Fontes: Adriana Lot Dias, psicóloga e pedagoga. Clay Brites, pediatra e professor da Unicamp. Elizabeth Monteiro, psicóloga, pedagoga e autora do livro “Criando Filhos em Tempos Difíceis – Atitudes e Brincadeiras Para uma Infância Feliz” (Summus Editorial).
Matéria de Carolina Prado e Gabriela Guimarães, publicada originalmente no UOL, em 03/10/2017. Para acessá-la na íntegra:
https://estilo.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2017/10/03/por-filho-para-pensar-nao-e-castigo-veja-acoes-educativas-para-cada-idade.htm
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Conheça todas as obras da psicóloga Elizabeth Monteiro publicadas pelo Grupo Summus:
CRIANDO FILHOS EM TEMPOS DIFÍCEIS
Atitudes e brincadeiras para uma infância feliz
Buscando aprimorar a interação entre pais e filhos, Betty Monteiro aborda neste livro os benefícios do brincar e explica as brincadeiras preferidas pelas crianças em cada fase do desenvolvimento. Fala ainda sobre a “criança difícil”– a que não come, a medrosa, a do contra etc. – e dá dicas para lidar com conflitos. Em linguagem simples e fluida, ela nos convida a voltar à infância e a aproveitar melhor o tempo com os pequenos.
CRIANDO ADOLESCENTES EM TEMPOS DIFÍCEIS
O amor parental não é estático: ele muda com o tempo e com os filhos. Por isso, os pais precisam atualizar seu modo de sentir e amar. Com uma linguagem direta e delicada, Elizabeth Monteiro fala sobre a necessidade de proteger os adolescentes de ameaças como as drogas e, ao mesmo tempo, de incentivar a autonomia deles. Sem fórmulas mágicas, a autora estabelece com pais e educadores um diálogo amplo e profícuo.
A CULPA É DA MÃE
Reflexões e confissões acerca da maternidade
Neste livro emocionante e catárquico, a psicoterapeuta Elizabeth Monteiro relata suas experiências – muitas vezes desastradas – como mãe de quatro filhos. Partindo das relações familiares na época de sua avó e passando pela própria infância, ela mostra que as mães, independentemente da geração, erram. Mas não devem se sentir culpadas por isso. Prefácio de Lya Luft.
AVÓS E SOGRAS
Dilemas e delícias da família moderna
Que papel é reservado às avós no mundo de hoje? E às sogras? Certamente elas não são mais aquelas velhinhas que passavam o dia todo tricotando. Hoje, trabalham fora, cuidam ativamente dos netos e muitas vezes sustentam toda a família. Nesta obra, Betty Monteiro fala sobre o lugar dos avós na sociedade moderna, aponta limites para a intervenção na família e aponta caminhos para uma convivência intergeracional harmoniosa.
CADÊ O PAI DESSA CRIANÇA?
Pais ausentes, descomprometidos, perdidos em seus papéis. Nessa realidade contemporânea, se A culpa é da mãe, cadê o pai da criança? Baseada em sua experiência clínica e em pesquisas diversas, Betty Monteiro aborda os conflitos familiares, os modelos inadequados de pais – ilustrados com casos clínicos – e dá sugestões para resgatar a identidade paterna e mostrar sua importância na formação dos pequenos.
VIVER MELHOR EM FAMÍLIA
Dicas e atitudes para relacionamentos saudáveis e filhos felizes
Criar filhos e manter relações familiares harmônicas não é tarefa fácil. Neste livro, Betty reúne reflexões e comentários publicados em suas cinco obras anteriores. Além de se dirigir às mães, a coletânea também pode ser lida por avós, pais e cuidadores.