Rotina nem sempre é sinônimo de tédio, chatice, monotonia. Bem dosada, traz tranquilidade para um casal ficar mais unido, enfrentar problemas e ganhar tempo para curtir os momentos a dois.
- A rotina não é a principal inimiga do sucesso de uma relação
Em geral, é apontada como vilã, mas são outras questões que promovem o distanciamento do casal: excesso de trabalho, problemas financeiros, divergências de objetivos, chegada de filhos, ciúme, mágoas. Se o relacionamento já está fragilizado, a rotina pode chamar a atenção para o problema e fazer com que os envolvidos tenham que encarar e lidar com a questão.
- Rotina não tem nada a ver com monotonia
Ter um dia a dia organizado não é sinônimo de uma relação monótona. Aliás, quanto mais disciplinado for o cotidiano de um casal, mais tempo os dois terão para curtirem bons momentos juntos. A distância emocional, a falta de comunicação e a ausência de carinho envenenam a rotina, levando as pessoas a entrarem em uma zona de conforto movida a pessimismo, pouca ação e baixo investimento na relação. Isso, sim, traz tédio, insatisfação constante e aprisionamento.
- A previsibilidade é saudável
Ao organizar a vida, a rotina pode nos ajudar a ganhar mais tempo de qualidade e abre espaço para fazer planos. Ela dá tranquilidade, evita ansiedade e combate a montanha-russa de sentimentos que uma vida muito dinâmica provoca. O relacionamento evolui melhor quando há uma rotina porque é menor a possibilidade de gerar expectativas frustrantes em relação aos compromissos mútuos.
- A sensação de pertença faz bem
A estabilidade amorosa permite que os dois se expressem sem receios e desenvolvam suas individualidades. É bom saber que há alguém com quem se pode contar e fazer planos em comum. Ter segurança na esfera amorosa ajuda a lidar melhor com os problemas em outros campos, como o trabalho e os conflitos familiares. O apoio quando um dos dois enfrenta algum perrengue estreita o vínculo e cria força para encarar o que quer que seja. Há mais ação e menos vitimização.
- Rotina é sinônimo de boa comunicação
As piadas internas, que criam intimidade e fortalecem o vínculo, provam dia após dia que o casal pode lidar com suas fragilidades e falhas com humor, que é um dos melhores antídotos contra a monotonia no relacionamento. Rir de histórias comuns traz leveza à relação. Outro benefício importante é as delícias proporcionadas pela comunicação só com o olhar, resultado de uma relação baseada em vivência, empatia, carinho e admiração.
- Uma vida agitada também tem suas armadilhas
Um cotidiano mais movimentado com festas, viagens e surpresas nem sempre significa uma vida emocionante. Na verdade, a busca por tanta animação pode ser uma forma de defesa. Um dos dois, ou ambos, não consegue encarar a realidade, vive fugindo e preenchendo o espaço para mascarar as insatisfações.
- Compartilhar é reconfortante
Ter uma rotina permite que o casal possa fazer atividades juntos que lhe tragam prazer e dissipem o estresse do cotidiano, seja assistir TV juntos, fazer academia, sentar à mesa para jantarem, conversar, desabafar, pedir conselhos, bater papo. Um relacionamento saudável necessita da rotina: é gostoso estar junto e ter hábitos. Há prazer em chegar em casa, conversar, dar e receber carinho, ter seu porto seguro para seguir em frente.
………………
Fontes: Triana Portal, psicóloga clínica e terapeuta de casal, de São Paulo (SP), e Vanda Lucia Di Yorio Benedito, psicóloga, coordenadora do Núcleo de Casal e Família na Clínica da SBPA (Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica) e organizadora do livro “Terapia de Casal e de Família” (Ed. Summus).
Matéria de Heloísa Noronha, publicada originalmente no UOL, em 03/10/2017. Para acessá-la na íntegra: https://estilo.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2017/10/03/7-fatos-que-provam-o-lado-bom-da-rotina-para-os-relacionamentos.htm
***
Conheça o livro:
………………….
TERAPIA DE CASAL E DE FAMÍLIA NA CLÍNICA JUNGUIANA
Teoria e prática
Organizadora: Vanda Lucia Di Yorio Benedito
Autores: Vanda Lucia Di Yorio Benedito, Aurea Afonso M. Caetano, Cláudia Nejme, Deusa Rita Tardelli Robles, Irany de Barros Agostinho, Isabel Cristina Ramos de Araujo, Jane Eyre Sader de Siqueira, Liriam Jeanette Estephano, Maria Beatriz Vidigal Barbosa de Almeida, Maria da Glória G. de Miranda, Maria Silvia C. Pessoa, Marli Tagliari, Olga Maria Fontana, Susan Carol Albert, Adriana Lopes Garcia
Este livro preenche uma lacuna existente na literatura da psicologia analítica no que se refere ao atendimento de casais. A coletânea aborda, entre outros assuntos, o histórico da abordagem no Brasil, a conjugalidade, o sonho como recurso terapêutico, o uso do sandplay e o processo de individuação.