Ter um filho bom de garfo, que não nega nada, de brócolis a escarola, é o sonho de toda mãe. Mas em alguns casos a hora da refeição pode ser sinônimo de tortura. É preciso entrar em ação o quanto antes para tornar a comida mais atraente — até mesmo antes de a criança nascer.
“Quanto mais saudável e variada é a alimentação da mãe, mais ela já estará fornecendo diferentes estímulos ao filho, dos sabores que podem passar para o leite materno, ao aroma dos alimentos sendo preparados”, afirma a culinarista Pat Feldman, criadora do Projeto Crianças na Cozinha. Confira atitudes simples que podem ajudar o seu filho a amar os alimentos saudáveis:
- Dê exemplo
Se você não tem o hábito de cozinhar, comer de forma saudável e variada dificilmente conseguirá isso do seu filho. Lembre-se de que as crianças são espelho dos pais e comece a mudança por você.
- Apresente os alimentos
Levar as crianças para passear na feira é sempre uma boa pedida — mais do que o supermercado, onde a tentação dos produtos industrializados é mais forte. Ali ela poderá ter contato com diferentes variedades de frutas, legumes e verduras, temperos e ervas aromáticas. Estimule-a a conhecer suas cores, texturas, aromas e sabores. Desperte a curiosidade e torne o programa rotineiro.
- Teste diferentes preparos
Antes de riscar um alimento de sua lista de possibilidades, apresente-o de diferentes formas: assado, cru, frito, cozido, frio, quente, em salada, em sopa, picadinho, inteiro, com molho, temperado só com limão ou com ervas variadas etc. Não desista na primeira tentativa e não tenha medo de cara feia. Tente descobrir o que incomoda, a cor, a textura, o sabor. Isso pode ajudar a recriar a apresentação e torná-lo mais agradável.
- Não gosta mesmo? Tudo bem
É preciso estimular a experimentação, afinal, não se pode gostar do que não se conhece. Mas a criança tem direito a ter paladar próprio. Então não entre em pânico se seu filho não gostar de tudo. Se conseguir aumentar o repertório a ponto de os diferentes grupos alimentares estarem devidamente representados na alimentação dele, sinta-se vitoriosa.
- Não imponha, negocie
“Tudo que é imposto e chato”, lembra Pat Feldman. Então faça a transição entre alimentos industrializados e saudáveis de forma lenta e gradual. Sugira trocas, substituições, experimentações de novas receitas e formas de preparo. “Se ele passar a comer espinafre, rúcula, agrião, tudo bem não gostar também de beterraba”, diz.
- Envolva-os no preparo
Leve as crianças para a cozinha. Peça ajuda para lavar e descascar alimentos, preparar receitas de que elas gostem — ainda que no começo seja hambúrguer e batata frita — e comece a colocar a responsabilidade pela escolha e o preparo das comidas nas mãos deles. Peça sugestões e sugira trocas. Em vez de comprar biscoito, faça em casa, com elas. Caso o resultado não agrade, teste outra receita e transforme a busca pelo biscoito perfeito em uma brincadeira saudável. “A cozinha tem toda uma magia que encanta as crianças. E comer algo que você mesmo preparou tem outro sabor”, lembra a cozinheira Raíza Costa, autora do livro “Confeitaria Escalafobética”.
- Deixe as brincadeiras com a comida para o fim de semana
Há quem aposte em criar bichinhos e pratos enfeitados com os alimentos para atrair a atenção das crianças, mas convenhamos que na correria do dia a dia isso é pouco viável. Melhor focar em um prato simplesmente colorido e com sabores variados e deixar as brincadeiras para o fim de semana, de preferência quando as crianças puderem participar do processo de criação.
- Coloridos que alimentam
Um dos fatores que tornam os alimentos industrializados tão atrativos às crianças são suas cores artificiais. Mas é possível chegar a muitas delas de forma natural, adicionando ainda dose extra de nutrientes às preparações. Caso da beterraba, um dos corantes naturais mais potentes e conhecidos, da amora, do espinafre e da cenoura, que podem ser facilmente acrescentados ao arroz, ao purê, ao leite etc. Mas é preciso modular as expectativas. “As cores não ficarão tão intensas quanto a dos corantes artificiais e podem ganhar novas nuances em altas temperaturas, por isso o ideal é acrescentar esses ingredientes sempre mais para o fim do preparo e trabalhar em baixa temperatura”, aponta Raíza, que usa o recurso para encantar a criançada com suas criações.
Texto de Juliana Bianchi, publicado originalmente no UOL, em 28/02/2018. Para acessar na íntegra: https://comidasebebidas.uol.com.br/noticias/redacao/2018/02/28/saiba-como-deixar-a-comida-mais-atraente-para-as-criancas.htm
***
Quer saber mais sobre alimentação infantil? Conheça os livros da MG Editores:
COMIDA DE CRIANÇA
Ajude seu filho a se alimentar bem sempre
Autora: Cláudia Lobo
Mostrando de maneira objetiva como montar um cardápio adequado à realidade de cada família, este livro ensina quais alimentos escolher na hora de comprar e por que fazê-lo; como economizar tempo e dinheiro; e como preparar refeições rápidas e nutritivas. Também sugere formas de transformar a própria criança em aliada no processo de educação alimentar e traz mais de 50 receitas nutritivas, ricamente ilustradas.
……………
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA INFÂNCIA
Conceitos, dicas e truques fundamentais
Autora: Cláudia Lobo
Todo dia surgem informações de como oferecer uma alimentação saudável aos filhos. Produtos que parecem ricos em nutrientes fazem sucesso, mas logo suas desvantagens são desmascaradas. Pensando nisso, a nutricionista Cláudia Lobo criou um guia para ajudar os pais a oferecer uma alimentação saudável às crianças. Mudança de hábitos, organização e perseverança são alguns dos ingredientes apontados por ela. Imperdível.