Psicóloga clínica, gestalt‑terapeuta e pesquisadora da área da saúde, com pós‑doutorado em Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Doutora em Psicologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Psicologia Social (UFRJ/Universidade Paris 8), especialista em Saúde Pública (Fiocruz) e em Psicopatologia Fenomenológica (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo). Atua há muitos anos em consultório particular como psicoterapeuta. Autora de artigos e capítulos de livros publicados sobre os temas: Gestalt-terapia, saúde, subjetividade e cultura, saúde mental, psicopatologia crítica. Diretora do Instituto Epokhé — Clínica e Formação em Gestalt-terapia. Autora organizadora do livro Filosofia e Gestalt‑terapia — Fundamentos para um fazer clínico crítico (Editora Via Verita, 2023).
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Lugar do sofrimento na cultura contemporânea, O
Reflexões sobre a medicalização da existência
R$58,90Vivemos um processo de medicalização da existência. O sofrimento, os desânimos, as simples manifestações da dor de viver parecem intoleráveis em uma sociedade que aposta no bem-estar como meta. Num contexto que exalta os valores ligados à eficiência, à produtividade, ao bem-estar e à felicidade, o sofrimento passa a ser visto como uma patologia que precisa ser corrigida. Assim, um processo de contínua expansão dos diagnósticos vem trazendo para o campo da psicopatologia comportamentos, emoções e estados subjetivos anteriormente experimentados e concebidos como parte da condição humana, de modo que cada vez mais pessoas se tornam potencialmente portadoras de algum transtorno.
Constatando esses fenômenos tanto na clínica quanto no campo da pesquisa, Mariama Furtado problematiza o assunto e mostra que, ao tentar suprimir o sofrimento da experiência da vida, a medicalização acaba destituindo o próprio sujeito daquilo que diz respeito à sua singularidade e da possibilidade de instituir formas autênticas e criativas de viver.