Angela Santos é fisioterapeuta, formada pela Universidade de São Paulo (USP), com bagagem e currículo admiráveis. Viajou para diversos lugares do mundo com a finalidade de estudar e trabalhar com fisioterapia e traduziu vários livros da área. Como autora, tem três obras publicadas pela Summus Editorial: A biomecânica da coordenação motora (2002), Postura corporal — Um guia para todos (2005) e Diagnóstico clínico postural — Um guia prático (2011).

Considerando toda sua expertise no assunto, convidamos a autora para falar um pouco sobre a sua experiência internacional no ramo da fisioterapia, a situação do Brasil com relação aos avanços do restante do mundo e a formação de novos profissionais. Angela também deu algumas dicas para quem está iniciando na área. Confira.

 

Com experiência de mais de 50 anos no campo da fisioterapia, tendo estudado fora do Brasil e atuado em países como Escócia, Suíça e França, você conseguiu acompanhar a evolução da fisioterapia no Brasil e no mundo. Como avalia nosso país hoje? Estamos conseguindo acompanhar os avanços do restante do mundo?

Primeiro me permita esclarecer que tenho “apenas” 50 anos de formada, completados em dezembro último. Minha passagem por esses países ocorreu em finais dos anos 1970, início dos 1980. Naquele período, pude verificar que, nos lugares onde trabalhei e estudei, a profissão era mais conhecida e o acesso a tratamento, mais acessível do que o que tínhamos no Brasil, pela estrutura de atendimento à saúde naqueles países. Quando entrei na faculdade, no início dos anos 1970, ninguém sabia o que era fisioterapia. Mas o mercado era tão carente que no segundo ano de curso consegui um estágio remunerado e, desde então, não conheci um dia de desemprego. Hoje, a situação é inversa: a profissão é bastante valorizada e reconhecida, mas o acesso ao mercado de trabalho é muito mais difícil. Desde 1984, trabalho no Brasil. Acompanhei e participei do desenvolvimento de técnicas, bibliografia, especializações vindas do exterior e o aparecimento de alguns cursos de formação de excelência. Tudo isso possibilitou o florescimento de mais de uma geração de profissionais excepcionais que fizeram a profissão ser hoje reconhecida e valorizada.

Como você avalia a formação dos profissionais brasileiros? Há melhorias a fazer?

Como acabei de dizer, temos no Brasil profissionais de excepcional qualidade. Gente que teve acesso a cursos de especialização (tanto no Brasil quanto no exterior), pós-graduação, estágios com profissionais de reconhecido saber etc. No entanto, creio que isso ocorreu à revelia de um ensino de base que ainda carece de muita melhora. A multiplicação de escolas particulares de péssima qualidade é um problema que assombra muitas profissões; a nossa não é exceção. Precisaríamos de mais rigor no controle de qualidade dos cursos; introdução, dentro da faculdade, de técnicas a que muitos profissionais só têm acesso após formados, em cursos de especialização muito caros; e, claro, valorização dos profissionais dedicados ao sistema público de saúde e facilitação do acesso da população a esse sistema.

Angela, que dica você daria aos estudantes e aos profissionais recém-formados para que consigam ter uma trajetória de sucesso na fisioterapia?

Aquelas que dei a todos os alunos a quem tive o privilégio de lecionar:

Primeiro, estude muito anatomia e fisiologia do aparelho musculoesquelético, do sistema nervoso e cinesiologia. Depois disso, é claro que haverá muito a estudar, dependendo da especialização que se escolherá. Mas isso é básico. O estudante não deve começar pensando no método que quer aprender, que pós-graduação ou especialização quer fazer. Primeiro deve ser rigoroso consigo mesmo em relação à base, que é essa. Isso vai gabaritá-lo a julgar a qualidade da especialização que cursará.

Em segundo lugar, ao aprender sobre determinado método de tratamento, julgar se ele está de acordo com a anatomia e a fisiologia. Cansei de ouvir sobre métodos de tratamento que adaptam a fisiologia a si, e não o contrário.

Em terceiro lugar, duvidar sempre. Lembrar que nem tudo que está escrito é verdadeiro (e, hoje, muito menos o que se diz em redes sociais). Para certificar-se, para não se deixar enganar, mais que nunca a base anatomia-fisiologia-cinesiologia é fundamental.

 

Conheça as obras da autora publicadas pela Summus:

Biomecânica da Coordenação Motora, A

Angela Santos
R$108,10

Análise detalhada dos aspectos biodinâmicos da coordenação motora, apresentando conceitos fisiológicos e anatômicos desenvolvidos pela autora. Defensora de uma “escola” de movimento natural em fisioterapia, ela propõe o estudo das funções normais como fonte de conhecimento para todos os profissionais que se ocupam do movimento.

Postura corporal: um guia para todos

Angela Santos
R$79,90

Aplicação prática dos conhecimentos de anatomia e fisiologia dos ossos, músculos e articulações em reabilitação postural. Contém informações preciosas para profissionais e orientação acessível aos leigos interessados na prevenção e no tratamento de desvios posturais.

Diagnóstico clínico postural

Um guia prático
Angela Santos
R$92,10

Um bom diagnóstico é fundamental para definir procedimentos que envolvam a postura do ser humano. Lançando mão da biomecânica, da osteopatia e de técnicas fisioterápicas, a autora apresenta uma linguagem diagnóstica única para os diversos ramos profissionaisque lidam com o movimento humano, suas patologias, expressões e desenvolvimento.

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