Veja quais sinais podem indicar que o idoso está em um quadro depressivo e como ajudá-lo
Matéria de Luiza Lemos publicada originalmente no iG Saúde, em 05/05/2020.
Mais silenciosa que o normal, a depressão na terceira idade geralmente apresenta poucos sinais, mas que são importantes na hora de detectar que algo está errado com o pai, avô ou parente mais velho. A morte do ator, produtor, diretor e roteirista Flávio Migliaccio acende o alerta para o mal.
Aos 85 anos, o ator foi encontrado morto pelo caseiro em seu sítio em Rio Bonito, no Rio de Janeiro, na segunda-feira (4). Segundo a polícia, a causa da morte foi suicídio .
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o único filho de Migliaccio, Marcelo, o pai sofria de depressão profunda desde o ano passo. A psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, Tânia Alves, afirma ao iG que a depressão pode ser fator para o suicídio. “A depressão pode fazer com que a pessoa perca as esperanças, sem saída para a situação atual”, aponta a psiquiatra.
Como notar depressão nos idosos?
De acordo com Tânia, no jovem a depressão tem um fator genético. Já nos mais velhos, a situação é diferente e pode parecer tanto por causas sociais quanto por relação com doenças clínicas.
“Essa etapa da vida possui traços mais sensíveis. A saída dos filhos de casa, a morte de amigos e a observação de uma vida que poderia ter sido e não foi podem ser fatores para a depressão na terceira idade”, completa o psicólogo Luís Gustavo Carvalho.
Ainda há a sensação de inutilidade, a dependência maior que os idosos têm com parentes e a aproximação da morte, que nunca se sabe quando irá chegar.
Em geral, os sintomas em idosos são mais físicos do que psicológicos. “Normalmente sentem dores que não melhoram por nada, ou dores que são justificativas para falta de vontade do idoso de ter o convívio normal com a família ou atividades normais”, aponta Tânia.
Outro sintoma que pode ocorrer é o esquecimento, que pode ser diagnosticado erroneamente como demência ou outra doença clínica. “Como a atenção está diminuída, a memória enfraquece mais, mas com o tratamento para depressão, a memória pode retornar”, diz a psiquiatra do HC da FMUSP.
Como a família pode ajudar?
Para os familiares, apesar dos sinais serem silenciosos, há situações que podem servir de alerta. “Se o idoso fica mais quieto, mais isolado, tem um maior desinteresse pela família, se começa a se queixar de fraqueza ou não quer sair de casa. A falta de prazer é o maior sinal, o idoso começa a justificar o mal estar”, diz Tânia.
Diante de um cenário como o citado acima, pode ser o momento de agir. Fazer o idoso estar ativo dentro da família e no círculo social são formas de evitar a depressão, por exemplo.
O tratamento clínico é o mais indicado, mas a família pode auxiliar o idoso neste momento. Estar presente, prestar atenção no isolamento dele e prestar atenção nos sinais que o idoso dá é necessário. “Conversar, falar por vídeo, mostrar interesse e até pedir para os avós participarem de alguma atividade é importante”, ressalta Tânia.
Segundo Luís Gustavo, o afeto é insubstituível. “É triste perceber que nossas habilidades motoras estão se esvaindo, que estamos nos tornando inúteis e de estarmos dando trabalho aos familiares. Acolher o idoso e ter paciência é manifestar o afeto”, diz o psicólogo.
Às vezes, a reclamação constante pode ser sinal. O principal é esquecer que aquilo é coisa de velho e entender que pode ser algo mais sério. Além do tratamento psiquiátrico, “dar carinho e independência ao idoso pode ser essencial para a saúde mental dele”, comenta Tânia.
Para ler na íntegra, acesse: https://saude.ig.com.br/2020-05-05/suicidio-de-flavio-migliaccio-levanta-debate-importante-depressao-em-idosos.html
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Tem interesse pelo tema? Conheça os livros da Ágora que falam sobre o assunto:
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GERONTODRAMA: A VELHICE EM CENA
Estudos clínicos e psicodramáticos sobre envelhecimento e 3ª idade
Autora: Elisabeth Maria Sene- Costa
A autora, médica psiquiatra e psicodramatista, vem atuando há mais de 15 anos com idosos. Aos poucos foi agregando uma série de abordagens às técnicas do psicodrama imprimindo um cunho pessoal ao seu trabalho, que batizou de gerontodrama. O livro, que também apresenta os aspectos conceituais e clínicos do envelhecimento, é um guia completo para quem quer seguir essa especialização, ou para qualquer pessoa com curiosidade sobre o envelhecer. A apresentação é de José de Souza Fonseca Filho.
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UNIVERSO DA DEPRESSÃO
Histórias e tratamentos pela psiquiatria e pelo psicodrama
Autora: Elisabeth Maria Sene- Costa
Este livro é o resultado de uma ousada proposta para obtenção do título de mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP. A autora, psicóloga, estudou com profundidade os aspectos fisiológicos e clínicos da depressão e em seguida desenvolveu um tratamento apoiado no psicodrama. Tese inovadora e muito bem embasada, útil para profissionais das áreas médica e psi.
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VELHICE
Uma nova paisagem
Autora: Maria Celia de Abreu
A psicóloga Maria Celia de Abreu propõe neste livro transformar visões e ideias preconcebidas a respeito do velho. Partindo de estudos teóricos sobre a psicologia do envelhecimento e de vivências colhidas em grupos de estudos, ela propõe que a vida passe a ser encarada como uma estrada que percorre diversas paisagens diferentes – nem melhores nem piores que as outras.Com exercícios de conscientização e exemplos práticos, a autora discorre sobre inúmeros assuntos pertinentes à velhice, como corpo, sexualidade, memória, perdas, luto e depressão. Fundamental para idosos, seus familiares, cuidadores, pesquisadores e para todos os que desejam envelhecer com saúde, autoconfiança e alegria, a obra conta com depoimentos de importantes personalidades sobre emoções que sentem ao encarar a ideia da velhice.