Parte da reportagem especial Depressão em Xeque,
de Gabriela Ingrid, publicada originalmente no UOL VivaBem
em 13/09/2019.

Realmente, a discussão em torno da depressão é maior e mais complexa hoje. Várias celebridades expuseram que já lutaram uma batalha contra a doença, do youtuber Whindersson Nunes à cantora Adele, passando pelo ator Jim Carrey. “Antes a psicofobia, que é o preconceito contra as pessoas que têm transtornos e deficiências mentais, era maior”, diz Ana Paula Carvalho, psiquiatra e coordenadora da Liga da Depressão do HC da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Segundo a especialista, o fato de ter muita gente famosa revelando que luta contra a depressão tem impacto maior do que qualquer médico falar na TV ou em um livro sobre a doença.

Segundo a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), o estigma é um dos principais obstáculos ao tratamento adequado dos transtornos psiquiátricos. Muitas pessoas evitam procurar o psiquiatra, ou até mesmo custam a reconhecer os primeiros sinais de doenças como depressão e ansiedade, por causa do preconceito que ainda está relacionado à psiquiatria. Muitas vezes transtornos do tipo são associados à loucura ou até mesmo a coisas banais, que não necessitariam de um tratamento.

De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Ibope em agosto desse ano, 53% das pessoas entre 18 e 24 anos acredita que a maioria dos antidepressivos não funciona ou não sabe opinar sobre isso. 57% dos brasileiros de todas as faixas etárias acha que o psicólogo é o profissional mais adequado para o quadro. Além disso, 44% das pessoas não falaria sobre a depressão no trabalho.

“Diminuiu-se o estigma, então a pessoa começa a buscar mais tratamento, conversa mais sobre o assunto, então a doença aparece mais. Estamos quebrando o preconceito em relação à saúde mental”
Fernando Fernandes

Segundo o livro “A Tristeza Perdida” (Editora Summus) escrito por Allan Horwits, professor de sociologia na Rutgers University, e Jerome Wakefield, professor de trabalho social na Universidade de Nova York, a taxa de transtornos depressivos na população não sofreu um aumento generalizado. O que mudou foi o crescente número de pessoas que buscam tratamento para essa condição, o aumento das prescrições de medicamentos antidepressivos, o número de artigos sobre o tema na mídia e literatura científica e a crescente presença da depressão como um fenômeno na cultura popular.

Para ler na íntegra, acesse: https://bit.ly/2lO8zTa

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Conheça o livro mencionado na matéria:

A TRISTEZA PERDIDA
Como a psiquiatria transformou a depressão em moda
Autores: Jerome C. WakefieldAllan V. Horwitz
SUMMUS EDITORIAL


Nos últimos anos, a depressão se transformou no distúrbio mais tratado por psiquiatras. Ao mesmo tempo, o consumo de antidepressivos aumentou significativamente. Neste livro, Horvitz e Wakefield criticam tal postura, mostrando que a tristeza, comum a todo ser humano, vem sendo tratada como doença – e expondo as implicações dessa prática para a saúde.




https://www.uol.com.br/vivabem/reportagens-especiais/depressao-realmente-e-o-mal-de-seculo-especialistas-buscam-responder-essa-questao/index.htm?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=uol#depressao-em-xeque
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