Texto parcial de matéria de Heloísa Noronha,
publicada originalmente no UOL Universa, em 02/11/2019.

Logo nos primeiros capítulo de “Bom Sucesso”, novela da faixa das 19h da Rede Globo, o milionário Alberto (Antonio Fagundes) e a costureira Paloma (Grazi Massafera) têm seus exames trocados: ela recebe o diagnóstico de que sofre de uma doença fatal e que lhe restam cerca de seis meses de vida, mas na verdade o doente é ele.

Após o esclarecimento da confusão, os dois ficam muito amigos e decidem encarar a vida de um outro jeito. Enquanto a moça passa por um processo de refinamento, sendo estimulada a gostar de livros e arte, o ricaço tenta deixar de ser ranzinza, fazer as pazes com o passado e resgatar relacionamentos importantes.

A jornada de Alberto é, de acordo com especialistas, similar a de inúmeras pessoas que precisam enfrentar a realidade de que lhes sobra pouco tempo de vida. Todo mundo sabe que um dia vai morrer; no entanto, ao tomar consciência de uma espécie de “data” para isso, muita gente promove transformações profundas em seu comportamento. As reações mais comuns já foram bastante estudadas e listadas pela psiquiatra suíça Elizabeth Küler-Ross (1926-2004) em cinco estágios — negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.

Embora nem sempre essas cinco etapas percorrem essa ordem, a aceitação configura o momento em que “as fichas costumam cair”. “Isso inclui a percepção de que não se tem a eternidade para consertar as relações. Assim, o valor das coisas e da existência podem ser completamente alterados e ressignificados diante do fim”, expõe, de forma sucinta, Mara Lúcia Madureira, psicóloga cognitivo-comportamento e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas.

Para a psicóloga Nazaré Jacobucci, mestranda em Cuidados Paliativos na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em Portugal, e administradora do site Perdas e Luto, provavelmente a “ficha” que provoca mais dor ao “cair” sejam a confrontação dos sonhos não realizados durante a vida e a reflexão sobre as razões pelas quais não se concretizaram.

“A recepção da notícia de que se tem poucos meses de vida faz com que a pessoa reflita sobre a restrição de tempo que tem para viver aquilo que é significativo e que faz sentido em sua vida”, comenta a psicóloga Karina Okajima Fukumitsu, pós-doutora em Psicologia pela USP (Universidade de São Paulo) e autora do livro “Vida, Morte e Luto – Atualidades Brasileiras” (Ed. Summus Editorial). “A morte tira todas as ilusões, não há mais tempo para se perder! Assim, a partir da consciência da finitude acontece a compreensão de que ainda há vida a ser vivida, o que pode ajudar a pessoa a priorizar e a escolher as ‘batalhas’ que quer enfrentar”, completa.

(…)

Para ler a matéria na íntegra, acesse: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/11/02/assim-como-em-bom-sucesso-qual-a-melhor-forma-de-se-preparar-pra-morte.htm

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Quer saber mais sobre o assunto? Conheça alguns dos livros do Grupo Summus que abordam o tema, incluindo o de Karina Fukutmitsu, mencionado na matéria:


EXPERIÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS SOBRE A MORTE E O MORRER
O legado de Elisabeth Kübler-Ross para os nossos dias
Autores: Rodrigo Luz e Daniela Freitas Bastos
SUMMUS EDITORIAL

Neste livro, Rodrigo Luz e Daniela Freitas Bastos contam um pouco da trajetória pessoal e profissional de Elisabeth, aprofundam-se nos estudos que ela nos legou e reproduzem os seminários no contexto brasileiro. Por meio do depoimento dos pacientes-professores, eles nos permitem enfrentar de peito aberto o tabu da morte e entrar em contato com recursos que nos ajudem a lidar com os pacientes com empatia, respeito e compaixão.

VIDA, MORTE E LUTO
Atualidades brasileiras
Organizadora: Karina Okajima Fukumitsu
SUMMUS EDITORIAL

Esta obra visa apresentar os principais cuidados e o manejo em situações-limite de adoecimento, suicídio e processo de luto, bem como reitera a visão de que, toda vez que falamos sobre a morte, precisamos também falar sobre a vida. Escrito por profissionais da saúde, este livro multidisciplinar atualiza os estudos sobre a morte, o morrer, a dor e o luto no Brasil. Destinado a psicólogos, médicos, assistentes sociais, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais etc., aborda temas como: espiritualidade, finitude humana, medicina e cuidados paliativos; cuidados e intervenções para pacientes cardíacos, oncológicos e portadores de doença renal crônica; intervenção na crise suicida; pesquisas e práticas sobre luto no Brasil e no exterior; luto não autorizado; as redes de apoio aos enlutados; a tanatologia na pós-graduação.

CUIDADOS PALIATIVOS
Diretrizes para melhores práticas
Organizadores: Ricardo CaponeroMarcella Tardeli Esteves Angioleti SantanaAna Lucia Coradazzi
MG EDITORES

O conhecimento do ser humano evolui continuamente em todas as áreas. Na medicina, porém, o avanço de uma ampla gama de tecnologias voltadas para o prolongamento da vida – desejo primitivo dos seres humanos – deu lugar à tecnocracia. Esse movimento iludiu leigos (e muitos profissionais) e criou mitos, sobretudo o de que a morte poderia ser vencida. O problema é que essa obstinação terapêutica é hoje, muitas vezes, fonte de sofrimento – e paradoxalmente pode resultar no abreviamento do tempo de vida.
Assim, é fundamental resgatar a qualidade do cuidar, não só do ponto de vista biológico, mas também mental e espiritual. Não se trata de abandonar o desenvolvimento tecnológico, mas de integrá-lo à visão plural de cuidado.
Partindo desse pressuposto, esta obra – escrita por uma equipe multidisciplinar – se baseia numa prática integrativa, na qual todas as áreas de conhecimento trabalham juntas na busca da melhor qualidade de vida e da dignidade humana. Dividida em 16 capítulos, ela oferece protocolos seguros e eficazes que aliviam os principais sintomas dos pacientes que demandam atenção paliativa e traz uma série de opções de tratamento. Também são abordados temas como plano avançado de cuidados e diretivas antecipadas de vontade, além dos cuidados de fim de vida. Trata-se de uma referência fundamental num campo que está em franco desenvolvimento.

VIVER O SEU MORRER
Autor: Stanley Keleman
SUMMUS EDITORIAL

Este livro é sobre o morrer, não sobre a morte. Estamos sempre morrendo um pouco, sempre perdendo alguém ou alguma coisa. São as nossas pequenas mortes, que nos ensinam o significado do morrer e nos oferecem condições de enfrentá-lo sem medo ou morbidez. É exatamente disso que trata este livro: estar pleno e inteiro para deparar-se com o morrer.



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