O luto é um processo vital e natural que está ligado a dor de perder pessoas queridas e precisa ser sentida e tratada
Matéria de Douglas Lima publicada no portal UAI em 20/05/2021.
A morte é a única certeza da vida. E, mesmo sabendo que ela é inevitável, preferimos não pensar muito a respeito, apesar de ser um grande mistério.
Nenhum ser humano quer lidar com o cessar completo da vida, da existência. E, em tempos de muitas perdas, como estamos vivendo, há mais de um ano em meio a uma pandemia, é preciso aprender a enfrentar a dor da partida seja de um amigo (a), familiar ou até de uma celebridade.
É difícil imaginar um mundo sem essa pessoa querida, porque ele vai continuar existindo, só que ele ou ela não vai mais estar aqui, e é preciso reunir forças e seguir em frente… não é fácil, mas é necessário.
A morte certamente é pior para quem fica nesse mundo do que para quem parte dele. Para quem fica, a saudade aperta o peito, sobram as lembranças, o legado e o luto que precisa ser sentido e tratado.
Luto é um sentimento de tristeza profunda pela morte de alguém, um conjunto de comportamentos e emoções, consequência de uma perda muito impactante.
Existe o luto pessoal, que é aquele sentido por uma pessoa, por exemplo, quando ele ou ela perde um ente querido como um avô, avó, pai, mãe, filho, filha, marido, esposa ou alguém muito próximo, e o luto coletivo, que é o que acomete comunidades, como o ataque a creche, na cidade de Saudades, no Sul do estado de Santa Catarina, o rompimento das barragens da mineradora Vale de Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, a queda do avião com os jogadores da Chapecoense, o incêndio no Edifício Joelma em São Paulo, da boate Kiss na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul e do Ninho do Urubu no Rio de Janeiro.
Também ocorre quando os grandes ídolos morrem, como a cantora Elis Regina, o piloto Ayrton Senna, integrantes da banda Mamonas Assassinas, o apresentador Gugu Liberato e o ator e humorista Paulo Gustavo.
O ato de velar um corpo, conhecido como velório é uma cerimônia bastante tradicional em nossa cultura. Por meio dele, as pessoas se despedem dos entes queridos. No entanto, por causa da pandemia, foi preciso inserir nesse ritual alguns protocolos de segurança, e centenas de famílias se viram obrigadas a passar pelo processo de morte e luto de um ente querido à distância ou em cerimônias solitárias.
Desta forma, a tecnologia se tornou aliada na hora da despedida, através de participações de parentes via chamada de vídeo.
“Os rituais diante da morte são muito importantes, porque regularizam as experiências, fornecem um lugar seguro, desde um lugar físico, até um lugar afetivo importante para expressão das emoções, para que as pessoas possam enfrentar este momento juntas. Com a Covid-19 esses rituais, que tinham função apaziguadora, organizadora, não estão acontecendo, e isso representa um risco para o luto complicado após a morte, porque não foram feitas as despedidas”, afirma a professora Maria Helena Pereira Franco, coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre Luto da PUC-SP.
“As pessoas que apresentam um luto complicado vão ter algumas demandas que precisarão ser atendidas, como por exemplo, buscarão mais os serviços de saúde, pois ficarão mais atentas a algum sintoma, terão mudanças no sistema imunológico, ficando mais suscetíveis a adoecer. Haverá impacto também no âmbito social, na relação com grupos maiores, nas relações familiares. Inclusive, por não terem a oportunidade de se despedir, podem ficar com a expectativa de que aquela morte não aconteceu, porque não tiveram a concretude da morte que os rituais proporcionam”
Maria Helena Pereira Franco
Luto é algo que acontece ou vai acontecer ao menos uma vez na vida de todas as pessoas, de qualquer parte do mundo. Não existem fórmulas mágicas ou receitas infalíveis para lidar com a morte de alguém. O luto é para ser vivido, mas você não pode viver do luto.
O processo de luto é totalmente individual, cada um tem a sua própria maneira e tempo de interpretar esse vazio e a dor, que pode ser minimizado por ações conjuntas, como os rituais fúnebres, missas e homenagens.
A expressão do luto pode se dar por manifestações físicas, como o choro, palpitações, insônia, dores, falta de apetite e emocionais, como a raiva, o medo, a culpa, o choque, a tristeza e a ansiedade. No entanto, há quem se comporte de maneira silenciosa. Ou seja, não há um estereótipo ou uma regra a ser seguida para expressar a morte.
Entretanto, apesar de muito doloroso é necessário sentir o luto. É importante o enlutado viver esse momento de modo a conseguir superar a perda, afirma a psicóloga Marilene Kehdi.
O principal conselho da profissional para tornar esse momento desolador é ter uma rede apoio, pessoas que ofereçam acolhimento, conforto e um espaço seguro para o enlutado se sentir confortável para desabafar.
Marilene garante que o desabafo ajudará a amenizá-la a dor da perda. Ela explica que quanto maior for o vínculo do enlutado com o ente querido, maior e mais intenso será o luto e, dependendo do caso, é necessário procurar auxílio de um profissional.
“Quando a tristeza é intensa e persistente e surgem sintomas, como apatia e desinteresse pelas coisas, alterações no apetite e distúrbios do sono, por exemplo”. Marilene Kehdi.
Para ler na íntegra, acesse: https://www.uai.com.br/app/noticia/comportamento/2021/05/20/interna-comportamento,273224/como-lidar-com-o-luto.shtml
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Maria Helena Pereira Franco é autora, organizadora e coautora de diversas obras publicadas pela Summus Editorial. Conheça-as abaixo.
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O LUTO NO SÉCULO 21
Uma compreensão abrangente do fenômeno
Autora: Maria Helena Pereira Franco
Maior especialista em luto do Brasil e pioneira no tema em nosso país, Maria Helena Pereira Franco reúne aqui décadas de experiência no atendimento a pessoas enlutadas e na formação de profissionais que atuam nesse campo. Mais que isso, oferece um amplo panorama a respeito das teorias e pesquisas sobre luto, sempre se valendo do rigor científico e de uma visão peculiar desse processo, que integra aspectos psíquicos, sociais, cognitivos, espirituais e físicos. Tomando por base a teoria do apego, de Bowlby, a autora aborda, entre outros temas, os diversos tipos de luto, seus fatores predisponentes, recursos para o diagnóstico e modos de intervenção terapêutica. Obra fundamental para estudantes e profissionais de Psicologia, Tanatologia, Medicina, Enfermagem e Serviço Social.
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FORMAÇÃO E ROMPIMENTO DE VÍNCULOS
O dilema das perdas na atualidade
Organizadora: Maria Helena Pereira Franco
Autores: Airle Miranda de Souza, Danielle do Socorro Castro Moura, Durval Luiz de Faria, Elizabeth Queiroz, Gabriela Golin, Geórgia Sibele Nogueira da Silva, Janari da Silva Pedroso, José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres, Maria Cristina Lopes de Almeida Amazonas, Maria Helena Pereira Franco, Maria Julia Kovács, Maria Lucia C. de Mello e Silva, Maria Thereza de Alencar Lima, Maíra R. de Oliveira Negromonte, Roberta Albuquerque Ferreira, Rosane Mantilla de Souza, Silvia Pereira da Cruz Benetti, Soraia Schwan, Tereza Cristina C. Ferreira de Araújo, Vera Regina R. Ramires
Este livro reúne grandes especialistas em formação e rompimento de vínculos. Entre os temas abordados estão os dilemas dos estudantes de medicina diante da morte, a questão das perdas em instituições de saúde, o atendimento ao enlutado, a morte no contexto escolar, as consequências psicológicas do abrigamento precoce, as possibilidades de intervenção com crianças deprimidas pela perda e a preservação dos vínculos na separação conjugal.
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VIDA, MORTE E LUTO
Atualidades brasileiras
Organizadora: Karina Okajima Fukumitsu
Autores: Ana Catarina Tavares Loureiro, Avimar Ferreira Junior, Daniel Neves Forte, Daniela Achette, Elaine Gomes dos Reis Alves, Elaine Marques Hojaij, Elvira Maria Ventura Filipe, Emi Shimma, Fernanda Cristina Marquetti, Gabriela Casellato, Gilberto Safra, Gláucia Rezende Tavares, Karina Okajima Fukumitsu, Leo Pessini, Marcello Ferretti Fanelli, Marcos Emanoel Pereira, Maria Carlota de Rezende Coelho, Maria Helena Pereira Franco, Maria Julia Kovács, Maria Luiza Faria Nassar de Oliveira, Mayra Luciana Gagliani, Monja Coen Roshi, Monja Heishin, Nely Aparecida Guernelli Nucci, Patrícia Carvalho Moreira, Pedro Morales Tolentino Leite, Protásio Lemos da Luz, Teresa Vera Gouvea
Esta obra visa apresentar os principais cuidados e o manejo em situações-limite de adoecimento, suicídio e processo de luto, bem como reitera a visão de que, toda vez que falamos sobre a morte, precisamos também falar sobre a vida. Escrito por profissionais da saúde, este livro multidisciplinar atualiza os estudos sobre a morte, o morrer, a dor e o luto no Brasil. Destinado a psicólogos, médicos, assistentes sociais, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais etc., aborda temas como: espiritualidade, finitude humana, medicina e cuidados paliativos; cuidados e intervenções para pacientes cardíacos, oncológicos e portadores de doença renal crônica; intervenção na crise suicida; pesquisas e práticas sobre luto no Brasil e no exterior; luto não autorizado; as redes de apoio aos enlutados; a tanatologia na pós-graduação.
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A INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM EMERGÊNCIAS
Fundamentos para a prática
Organizadora: Maria Helena Pereira Franco
Autores: Adriana Silveira Cogo, Adriana Vilela Leite César, Ana Lucia Toledo, Ariana Oliveira, Cibele Martins de Oliveira Marras, Claudia Gregio Cukierman, Cristiane Corsini Prizanteli, Cristina Foloni Delduque da Costa, Eleonora Jabur, Ester Passos Affini, Gabriela Casellato, Iara Boccato Alves, Isabela Garcia Rosa Hispagnol, José Paulo da Fonseca, Julia Schmidt Maso, Karina Kunieda Polido, Lilian Godau dos Anjos Pereira Biasoto, Luciana Mazorra, Luiz Antonio Manzochi, Marcelo M. S. Gianini, Maria Angélica Ferreira Dias, Maria Helena Pereira Franco, Maria Inês Fernandez Rodriguez, Mariangela de Almeida, Priscila Diodato Torolho, Rachel Roso Righini, Reginandréa Gomes Vicente, Régis Siqueira Ramos, Samara Klug, Sandra Regina Borges dos Santos, Sandra Rodrigues de Oliveira, Suzana Padovan, Viviane Cristina Torlai
Este livro reúne experiências e reflexões sobre um campo de atuação novo no Brasil: o atendimento psicológico a pessoas em situações de emergência e desastre. Diversos especialistas abordam a importância de cuidar dessas pessoas e os procedimentos e técnicas mais indicados em cada caso. A saúde mental do psicólogo e os efeitos do transtorno de estresse pós-traumático também são analisados.
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O RESGATE DA EMPATIA
Suporte psicológico ao luto não reconhecido
Organizadora: Gabriela Casellato
Autores: Ana Cristina Costa Figueiredo, Cristiane Ferraz Prade, Daniela Reis e Silva, Déria de Oliveira, Gabriela Casellato, Maria Helena Pereira Franco, Plínio de Almeida Maciel Jr, Regina Szylit Bousso, Rosane Mantilla de Souza, Sandra Rodrigues de Oliveira, Valéria Tinoco
O tema do luto não sancionado é pouco abordado na literatura clínica. Neste volume, profissionais da área de saúde preenchem essa lacuna tratando de temas como aborto espontâneo, infidelidade conjugal, aposentadoria, morte de animais de estimação, perda de familiares por suicídio e o luto de cuidadores profissionais. Estratégias para lidar com a perda e os transtornos psiquiátricos decorrentes dela também fazem parte da obra.