O Alzheimer é uma doença delicada que traz grandes preocupações por ainda não ter cura e nem um tratamento que reverta os sintomas. Em todo mundo, cerca de 34 milhões de pessoas sofrem com a doença, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Empresas investem pesado e cientistas buscam alternativas efetivas que ajudem os pacientes a manterem a memória. Mas para compreender as apostas promissoras é preciso entender como a doença de Alzheimer (também chamada de DA) funciona.
A DA afeta o funcionamento do cérebro de modo lento e progressivo, comprometendo funções cognitivas, como a memória e o raciocínio lógico, ao destruir os neurônios aos poucos.
“Como ainda não conseguimos reestruturar neurônios, a ideia é impedir a morte”, completa Bergantin.
Maiores apostas
Existem diversas linhas de estudo para tentar acabar com a doença, mas algumas apostas estão em fases mais promissoras.
“Na literatura, as intervenções vão desde nutricionais até drogas de outras doenças. Tem muita pesquisa interessante e com potencial, mas há drogas com dados mais maduros “, diz Orestes Forlenza, do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo) e integrante do Napna (Núcleo de Apoio à Pesquisa em Neurociência Aplicada).
Entre os estudos mais avançados, existem quatro vertentes.
- 1 – A primeira envolve a proteína beta-amiloide. “Quem tem Alzheimer tem grande formação e acúmulo da proteína, uma droga que reduza ou promova sua remoção do cérebro tem uma proposta terapêutica clara”, explica Forlenza.
Nesse contexto de terapia anti-amiloide, existem duas abordagens diferentes. Por um lado, cientistas visam criar compostos que destruam o beta-amiloide, desencadeando uma resposta imunológica que exclui a proteína. “Isso funciona muito bem em modelo experimental ou camundongos”, conta.
Por outro lado, a abordagem é a inibição da produção. A pesquisa tenta inibir a enzima que leva a produção de amiloide.
- 2 – A DA acontece pelo acúmulo de beta-amiloide ou pela alteração da proteína Tau, que leva o neurônio ao colapso. Cientistas buscam drogas para remover ou eliminar a Tau.
Uma revolução na pesquisa da Tau aconteceu em 2016, quando criaram um tipo de tomografia que tornou a proteína visível.
Com o programa de imagem, pesquisadores da Universidade de Medicina de Washington, nos EUA, publicaram um estudo na revista da Science mostrando que a Tau passou a ser um indicador poderoso para medir o declínio cognitivo do Alzheimer, melhor que o beta-amiloide.
“Temos remédios que visam reduzir a Tau e o novo método abre portas para investigarmos o desenvolvimento da doença em um nível detalhado, vendo como o cérebro reage”, afirma Ruben Smith, pesquisador da Universidade de Lund, na Suécia, que publicou um estudo sobre tau no periódico Brain.
- 3 – Outra vertente promissora analisa drogas que inibem um receptor de serotonina, que promove um neurotransmissor que falta na doença de Alzheimer.
- 4 – Pesquisas também investigam se é possível diminuir a inflamação que ocorre no cérebro usando drogas anti-inflamatórias para favorecer limpar os compostos nocivos ao cérebro.
Um estudo feito pela Universidade de Southampton, no Reino Unido, e publicado na revista Brain no início de 2016, sugere que é preciso enfrentar a inflamação no cérebro para contar o avanço da doença. Eles usaram remédios para bloquear a produção de células imunológicas no cérebro de ratos e tiveram resultados positivos.
Texto parcial de matéria de Maria Júlia Marques, publicada originalmente no UOL em 01/02/2017. Para ler a matéria na íntegra, acesse:
https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2017/02/01/conheca-as-apostas-para-o-tratamento-de-alzheimer.htm
***
Quer saber mais sobre Doença de Alzheimer? Conheça o livro:
DOENÇA DE ALZHEIMER
O guia completo
Autores: Serge Gauthier e Judes Poirier
MG EDITORES
Este livro apresenta uma visão geral das últimas novidades médicas e científicas sobre os avanços recentes em pesquisa, as causas e os tratamentos da doença de Alzheimer, formas de prevenção que vêm sendo desenvolvidas e hábitos e estilos de vida que foram validados cientificamente e podem desacelerar ou impedir a progressão sintomática da doença.