Reproduzido do Blog do Luiz Sperry,
publicado em 15/07/2019.

Não tenho inveja da maternidade
Nem da lactação
Não tenho inveja da adiposidade
Nem da menstruação
Só tenho inveja da longevidade
E dos orgasmos múltiplos

Não foi à toa que Caetano cantou essa bola. A maternidade não é para qualquer um, muito menos para homens. Diversas mudanças que acontecem dia após dia, com um bebê dentro de você, te impondo de saída uma série de restrições antes mesmo de nascer. É sabido que gestantes são muito sensíveis. Mas eventualmente as coisas ficam piores.

Provavelmente por conta das gestantes serem consideradas sensíveis que os quadros de humor relacionados à gestação e ao pós-parto são complexos. Grande parte dos sintomas são menosprezados como se fosse esperado que a mulher sofresse em decorrência da gestação e, principalmente, das demandas do recém-nascido. Mas a depressão pós-parto, quando ocorre, pode ser devastadora.

Existe uma grande quantidade de fatores que estão relacionados com depressão pós-parto, como: baixo nível sócio-econômico, dificuldades durante a gestação e no parto, dificuldades de relação com familiares ou com o pai da criança, gravidez indesejada, antecedentes de depressão e outros. Somando-se a essas condições as demandas físicas do parto e pós-parto, as variações hormonais intensas causadas pela gestação e aleitamento, surgem os quadros de depressão.

Voltamos então para a velha questão de depressão não é tristeza, depressão não é cansaço. Existe um quadro, chamado de baby blues ou blues puerperal que ocorre em até 80% das mães. Existem alguns sintomas de depressão, como fadiga e/ou irritabilidade, mas não todos para se definir a depressão de fato. Esse quadros podem evoluir para a depressão, que é mais grave e pode impactar na relação mãe-bebê e levar a prejuízo no desenvolvimento da criança.

Por isso é importante estar atento e tratar. Os antidepressivos, apesar de passarem para o leite, são bastante seguros de uma maneira geral. Lembro uma vez, logo que saí da residência, fui trabalhar num posto. Assustado que era, tratei de proibir todas as mães que tomavam antidepressivo de amamentar. Não passou uma semana e as pediatras me esculacharam. Fui pego pelo braço e levado para uma sala onde elas falaram da dificuldade que era para elas conseguir convencer as mães a amamentarem seus rebentos. E eu estava botando tudo a perder. Botei o rabo entre as pernas e pedi desculpa. Ficou a lição de que antidepressivo não é motivo para, necessariamente, interromper a amamentação. E ficou um certo trauma também. Com pediatra não se brinca.

Bem recentemente foi lançado nos EUA a brexanolona, uma medição endovenosa específica para esses casos. Trata-se exatamente de um hormônio sintético, que viria e atenuar os efeitos da variação hormonal intensa após o parto; a ver.

Importante lembrar que talvez o melhor jeito de evitar a depressão na gravidez e pós-parto seja justamente cuidar da mãe e do bebê. Tem coisas que só a mãe pode fazer, mas tem coisas que não necessariamente. Estejamos atentos a isso.

Para ler na íntegra, acesse: https://luizsperry.blogosfera.uol.com.br/2019/07/15/depressao-pos-parto-porque-muitas-vezes-os-sintomas-sao-menosprezados/

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Quer saber mais sobre o assunto? Conheça o volume da Coleção Guias Ágora que fala especificamente sobre o tema:

DEPRESSÃO PÓS-PARTO
Esclarecendo suas dúvidas
Autora: Erika Harvey
Coleção Guias Ágora
ÁGORA EDITORIAL

O livro mostra a diferença entre a depressão conhecida como “baby blues”, que afeta quase todas as mulheres após o parto, sem maiores conseqüências, e a depressão grave que requer intervenção de profissional capacitado. Saber identificar essa diferença, às vezes bastante sutil, cabe à própria mulher, aos familiares à sua volta e aos seus médicos, e esta leitura é de grande utilidade para todos.

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