Existe a ideia geral de que se um tratamento existe e está disponível ele é útil e deve ser empregado sempre que possível. No entanto, isso nem sempre é verdadeiro.
Da mesma forma, nenhum tratamento é intrinsecamente fútil. Se fosse assim, um tratamento fútil deveria ser abandonado de imediato, como já aconteceu com tratamentos que se tornaram obsoletos frente a novos conceitos ou novos métodos terapêuticos, por exemplo, tratamento da sífilis com sais arsenicais, cirurgia para úlcera gástrica, etc.
Qualquer tratamento disponível pode ser útil ou fútil na dependência de como, quando e, principalmente, para quem ele é empregado.
Tratamentos que produzam a cura, com restabelecimento pleno do estado de saúde ao patamar que existia antes da intercorrência da doença é potencialmente útil.
Quando a cura não é possível, os tratamentos tem a intenção de melhorar o estado de saúde, proporcionar melhor qualidade de vida. São tratamentos paliativos. Nessas circunstâncias chamamos esses tratamentos de paliativos.
Nos tratamentos de intenção paliativa é fundamental que se estabeleça qual o resultado esperado com o tratamento, quais seus eventos adversos associados e qual o exato benefício na qualidade ou tempo de vida.
É muito comum que se estabeleçam desfechos intermediários, paralelos, não diretamente relacionados com a qualidade de vida. Transfusões de sangue para corrigir o nível de hemoglobina e não para melhorar sintomas decorrentes da anemia; drogas vasoativas para elevar a pressão de pacientes em fase final de vida, etc. Em geral esses procedimentos adiam a morte, prolongam o processo de morrer, sem trazer benefícios reais à qualidade de vida.
Outras vezes, adotam-se medidas com intenção paliativa, mas que poderiam ser substituídas por procedimentos de efeitos mais rápidos, mais simples, ou de menor custo.
O objetivo principal dos cuidados paliativos é discernir entre o que pode ser útil e o que é potencialmente fútil, ao que chamamos de “distanásia” por prolongarem um sofrimento desnecessário.
Como disse o Papa João Paulo II, É lícito, em sã consciência, abdicar de métodos extraordinários que prolongariam a vida de forma desproporcional, sem qualidade de vida. Tudo pode ser disponível, mas nem tudo convém.
Artigo do oncologista Ricardo Caponero, publicado no portal do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Para acessá-lo na íntegra: http://centrodeoncologia.org.br/noticias-cancer/futilidade-terapeutica/
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Dr. Ricardo Caponero é oncologista Clínico e Coordenador do CATSMI – Centro Avançado de Terapia de Suporte e Medicina Integrativa. Conheça suas obras publicadas pela MG Editores:
A COMUNICAÇÃO MÉDICO-PACIENTE NO TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Um guia para profissionais de saúde, portadores de câncer e seus familiares
Autor: Ricardo Caponero
Apesar de todos os avanços médicos e tecnológicos das últimas décadas, o câncer ainda é considerado tabu para a maioria das pessoas. Assim, quando o indivíduo descobre-se portador da doença, por vezes depara com uma espécie de “conspiração do silêncio”, o que pode prejudicar o tratamento e provocar consequências psicológicas profundas. Por outro lado, a equipe médica nem sempre está preparada para transmitir ao paciente informações claras, precisas e verdadeiras. Partindo de uma experiência de mais de 30 anos com pacientes oncológicos, Ricardo Caponero explica aqui como estabelecer e manter uma comunicação respeitosa e franca com o portador de câncer. Além de ensinar técnicas que ajudam na transmissão de informações – quase sempre difíceis –, ele aborda a comunicação como forma de tratamento, os entraves a ela, as possíveis soluções e os aspectos legais ligados ao exercício da medicina. Porém, acima de tudo, quebra a aridez do tema relatando histórias verídicas de confiança, entrega e encontro.
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CÂNCER E PREVENÇÃO
Organizadores: Ricardo Caponero, Artur Malzyner
Autores: Vanessa Mastro, Daniele Evaristo Vieira Alves, Elge Werneck Araújo Júnior, Elza Maria de Oliveira Dertonio Donato , Emerson Neves dos Santos, Fernanda de Campos Prudente Silva, Maria da Glória Gonçalves Gimenes, Maurício Antranig Nicolian Muradian, Ricardo Caponero, Simone Aparecida Oguchi Falcari, Tassiana Barros Petrilli, Valéria Brazoloto, Artur Malzyner
Voltado para leigos, este livro, escrito por uma equipe multidisciplinar, explica o que é câncer e como preveni-lo; aborda a prevenção primária por meio de cirurgias, medicamentos, alimentação adequada e hábitos saudáveis; esclarece sobre a importância do diagnóstico precoce; e fala sobre os principais tipos de tratamento existentes. Fundamental para pacientes, familiares, psicólogos, enfermeiros etc.