Bebida ganhou adeptos no Brasil na última década e seguiu onda das cervejas artesanais
Texto parcial da coluna de Daniel de Mesquita Benevides, publicada na Folha de S. Paulo em 10/06/2021.
“Todos os dias exercito o autocontrole: nunca bebo nada mais forte do que gim antes do café da manhã.” O autor dessa e de outras frases espirituosas parecia um personagem de desenho animado, com seu capiloso nariz em forma de bola.
Por trás do aspecto caricato, porém, W.C. Fields podia ser um sóbrio comentarista de seu tempo. Para Woody Allen, era um gênio da comédia. Bêbado mais famoso dos filmes antigos, foi malabarista antes de estourar nas telas. Trocou a arte do equilíbrio pela corda bamba do álcool.
Era um poeta, a seu modo. “Minha maior ambição como jardineiro é regar as laranjeiras com gim, assim bastaria espremer as laranjas num copo”, o que atraía a admiração dos surrealistas. Max Ernst pintou quadros inspirados em sua figura rotunda, cuja dieta —Fields dizia— limitava-se às azeitonas do dry martini.
Outro popstar do vaudeville é Frank Fogarty, o Menestrel de Dublin. No começo da Lei Seca, por volta de 1920, criou ou inspirou o coquetel last word. Ás dos monólogos teatrais, hipnotizador de platéias, Fogarty esmerava-se no efeito catártico da palavra final, daí o nome.
Como quase todos os drinques da época, coloridas combinações de licores, bitters e temperos de cozinha, o last word era feito na medida para disfarçar a má qualidade da bebida de base —no caso, o gim caseiro, produzido em banheiras de metal, onde se misturava álcool de cereais com água e óleo de zimbro.
Era mais simples do que falsificar uísque, daí a preferência nos chamados anos loucos. Pode-se ver James Cagney, gângster-mor de Hollywood, preparando seu gim fake em “The Roaring Twenties”, para vendê-lo aos speakeasies, bares clandestinos, onde tudo acontecia, inclusive beber (Os Simpson, claro, também usariam banheiras como alambiques, num episódio em que o álcool é proibido em Springfield).
Moralistas faziam cruzadas contra o gim, a “ruína das mães”. Al Capone, impávido, respondia: “Quando vendo bebidas, é contrabando. Quando são servidas numa bandeja de prata, é hospitalidade”.
Desde 2009 é comemorado o Dia Mundial do Gim no segundo sábado de junho. Neste ano, cai em nosso Dia dos Namorados. O World Gin Day começou em Birmingham, cidade industrial na Inglaterra, berço do Black Sabbath e dos Peaky Blinders, gangue pré-punk da série da BBC.
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Para ler na íntegra (assinantes do jornal Folha de S. Paulo ou UOL), acesse:
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/daniel-de-mesquita-benevides/2021/06/um-drinque-para-comemorar-o-dia-mundial-do-gim-que-e-celebrado-neste-sabado.shtml
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